Localizada há 6 km do centro urbano de Rodrigues Alves, a comunidade Treze de Maio foi agraciada na segunda-feira, 9, com um mutirão de serviços em saúde, promovido por meio da parceria entre a gestão municipal e Eder Guedes, médico emergencista, pós-graduado em pediatria e nefrologia, que nasceu e viveu o início da sua juventude no local.
Foram ofertados pela equipe multiprofissional, composta por médico, fisioterapeuta e enfermeira, serviços de clínica geral e pediatria, assistência em fisioterapia e orientações sobre o Pré-Natal, além da realização de avaliações, vacinação e a entrega de medicamentos, entre outros serviços.
“A gente observa que há na zona rural do Acre uma demanda reprimida de serviços de saúde voltados às especialidades. Por isso, uni esforços com a prefeitura municipal e montamos esse mutirão, cujo objetivo é dar encaminhamentos aos pacientes para médicos especialistas, para que iniciem seus tratamentos e curem suas enfermidades, além de dar suporte para casos que não necessitam de atenção do especialista”, destacou Eder.

A iniciativa é, além disso, o cumprimento de uma promessa feita pelo profissional ao seu pai, o seu José Ilson Guedes, que ainda reside na comunidade. “Estou concretizando, com a colaboração também de amigos, que de prontidão toparam o desafio, o que um dia prometi ao meu pai, que deve estar feliz e com um largo sorriso no rosto”, declarou o médico.






Oferta gratuita e pertinho de casa faz diferença: ‘uma bênção aos moradores do Treze de Maio’
Há poucos dias de celebrar 86 anos de vida, dona Maria de Nazaré Negreiros, que também é apontada como a moradora mais antiga da comunidade, deslocou-se à Escola de Ensino Fundamental I São João Batista, espaço onde foi realizado o mutirão, em busca de orientações médicas para tratar de dores e inchações nas articulações dos joelhos e pés.
Nas palavras dela, o momento representa uma “benção à comunidade” onde habitam uma média de 50 famílias, totalizando mais de 400 moradores, dos quais mais de cem foram beneficiados com a ação.

“A gente deve aproveitar e se sentir feliz. Eu só tenho palavras de gratidão, porque para mim é uma honra ser atendida pelo médico que vi nascer e crescer na nossa comunidade, filho de um grande amigo meu”, externou a idosa.
Aldenir Negreiros, também morador do Treze de Maio há mais de 40 anos, passou pela triagem, realizou a consulta com o médico, recebeu medicamentos e, por fim, passou pelos cuidados do fisioterapeuta Ítalo Moraes para aliviar dores na coluna lombar, que são frutos da pressão sofrida pela estrutura durante o trabalho duro exercido em atividades como a agricultura e pesca, por exemplo.

Ao AgoraAcre, o paciente relatou: “Se não tivesse esse mutirão, eu não teria condições de buscar ajuda noutro lugar no momento. Faço uso das palavras da dona Nazaré: ‘Esse mutirão foi uma benção para a comunidade’. Gratidão, de verdade”.
Eder Guedes, que atualmente reside em São Paulo, reforça: “A maioria dos pacientes, como é o caso dos senhores e senhoras que atendi, viram-me crescer e correr pelas estradas dessa comunidade, quando eu era menino. Eu ‘invadia’ a cozinha deles, e lá me davam comida. Muitos deles cuidaram do menino Eder. Por isso, para mim, estar aqui é um ato de reconhecimento e de retribuição pelo que fizeram pela minha família. Foi essa terra que nos deu o que temos hoje”.

O apoio da prefeitura foi essencial para a realização da ação, disponibilizando recurso humano, medicamentos, a unidade escolar e logística. “O serviço de Saúde Itinerante é uma das políticas da atual gestão de Rodrigues Alves, que é executada nos postos de saúde e, para as regiões de difícil acesso no município, a gente se empenha para que toda a população seja atendida. Em nome do prefeito Salatiel, agradeço ao Dr. Eder pelo olhar especial que destinou hoje ao povo do Treze de Maio”, ratificou o vice-prefeito Neto do Jamilson.
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Editorial AgoraAcre
Levar saúde ao usuário do Sistema Único de Saúde (SUS), politicamente falando, é uma medida acertiva, que minimiza o sofrimento dos que necessitam do poder público para se tratar de alguma enfermidade. Por outro lado, quando se trata de um gesto particular e de gratidão, como é caso da história de Eder Guedes, configura-se num ato de nobreza, que nos leva a enxergar a grandiosidade da ação, porque prevaleceu o desejo de olhar para outro e estendê-lo a mão no momento de necessidade.

Mas os dois exemplos tornam-se um só quando o serviço alcança o povo e a ele devolve dignidade, garantido-lhe um direito previsto na constituição.
Escrita por Eliel Mesquita, da redação do AgoraAcre. Foto de capa: Eliel Mesquita