Francisco das Chagas Negreiros, 48 anos, está desaparecido após passar mal e cair da embarcação que se encontrava, no Rio Juruá, em Marechal Thaumaturgo, na última quarta-feira, 11. No mesmo dia, o Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar buscas pelo corpo de Francisco, mas a atuação da instituição tem gerado insatisfação e críticas da família e populares.
Segundo a família, a primeira reclamação surgiu com o horário da chegada da equipe do Corpo de Bombeiros ao município e com o esquecimento por parte dos militares de peça essencial para a realização de mergulhos.
“O voo foi fretado pela prefeitura de Marechal Thaumaturgo pelo período da manhã e eles chegaram aqui [em Marechal Thaumaturgo] somente às 15h, ou seja, 3h da tarde, e ainda esqueceram uma peça do equipamento para mergulho”, afirma um familiar, que não quis ser identificado.
A segunda crítica surgiu após suposta recusa da equipe para continuar os mergulhos no terceiro dia de busca por Francisco. “O Corpo de Bombeiros alegou que o rio apresentava grande profundidade, o que, nas palavras deles, coloca em risco às vidas dos envolvidos nas buscas, mas os barqueiros [profissionais que fazem transporte de pessoas e produtos por meios de barcos, bajolas e canoas] afirmavam que não. Pedimos até pelo amor de Deus que continuassem as buscas e que achassem pelo menos o corpo, para que a gente possa fazer o velório”, completou.
Corpo de Bombeiros nega: ‘Usamos o nosso protocolo de mergulho’
Ao AgoraAcre, o comandante do Corpo de Bombeiros, em Cruzeiro do Sul, major Jozadaque Ibernon negou as acusações e esclareceu que um imprevisto gerou atraso no deslocamento da equipe e que o regulador esquecido chegou nas primeiras horas do dia seguinte em Marechal Thaumaturgo.
O comandante enfatizou que a atuação da sua equipe em casos de afogamentos ou busca por objetos em rios, lagos, e outros, segue protocolo. “Em nenhum momento a equipe se negou em realizar as buscas pelo corpo de Francisco. Pelo contrário, até neste domingo estamos mergulhando, em busca do desaparecido, no local que é raso e o mergulho é tranquilo. O que de fato acontece é que os familiares da vítima e amigos solicitam que a equipe responsável pelas buscas realize mergulhos desordenados, em regiões distantes do local da queda da vítima, mas o Corpo de Bombeiros segue seu protocolo, que nos norteia que o corpo pode estar num raio próximo do local do acidente”, explica Ibernon.

“As buscas se iniciam antes do amanhecer”, informa o comandante. “Na equipe, os militares mergulham um por vez, utilizando a técnica de zigue-zague, que é uma varredura feita no raio próximo ao local de onde a vítima caiu”, detalha.
Ibernon explica detalhes do trabalho realizado pelos Bombeiros no caso Francisco, que, de acordo com ele, são mal interpretados pela família e populares. “Inicialmente, os mergulhadores descem o rio em até 7 quilômetros para averiguar se o corpo se encontra em balseiros, para depois iniciarem os mergulhos. Mas os barqueiros, que não têm conhecimento sobre as nossas técnicas, afirmam que não estamos realizando o nosso trabalho”, esclareceu.
As buscas pelo corpo de Francisco devem ser encerradas nesta segunda-feira, 16.
25 ocorrências nos primeiros meses do ano: ‘80% das ocorrências com êxito’, afirma comandante
Nos primeiros seis meses do ano, o Corpo de Bombeiros, em Cruzeiro do Sul, atendeu 25 solicitações de mergulhos para busca de corpos e objetos desaparecidos nas águas de rios no Juruá, obtendo 80% de êxito.
“Mesmo com as dificuldades, correnteza, visibilidade zero e imprecisão do local exato do acidente, obtivemos êxito em vinte delas, ou seja, 80% de aproveitamento”, ratifica Ibernon.
Redação AgoraAcre / Foto de capa: cedida