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Cruzeiro do Sul se torna polo cinematográfico na Amazônia

As belezas naturais, os povos indígenas e a peculiaridade da arquitetura são atrativos de Cruzeiro do Sul para a indústria cinematográfica nacional.

A segunda maior cidade do Acre, que em 2023 foi o palco da Amazônia escolhido para ser cenário da série Tarã, com Xuxa Meneguel, que será lançado este ano pela Disney Plus, tornou-se o polo cinematográfico da Amazônia, onde, atualmente, dois longas-metragens são gravados e um outro está a caminho e está em produção o curta metragem Noke Koi – O Povo Verdadeiro, que será lançado em breve.

No momento, estão sendo filmados no município o filme Geni e o Zepelim, sob a direção de Anna Muylaert, e o Expedição Txai, dirigido por Thiago Melo. Geni e Zepelim é baseado no filme de Chico Buarque e, por sua vez, o Expedição retrata os indigenistas, uma história de lideranças indígenas em uma viagem feita em 1989 com o cantor Milton Nascimento até a terra dos Ashaninka.

O cineasta Sérgio de Carvalho, radicado no Acre, vai gravar o longa A Estirada na terra dos Náuas ainda este ano.

Geni e o Zepelim

Geni e o Zepelim é filmado em comunidades ribeirinhas como a Boca do Môa e o bairro Miritizal, e conta com atores como Gero Camilo, além de elenco de apoio formado por figurantes locais. O ator e cantor Seu Jorge vai começar a gravar o longa no município no dia 28 de maio.

Entre equipes de produção, atores, figurantes e apoio, estão envolvidas cerca de 150 pessoas na gravação do longa.

A produtora Iafa Britz diz que Cruzeiro do Sul foi escolhida para ser cenário da produção por ser original e diferente. “Além de ser muito acolhedor, Cruzeiro tem uma originalidade. Trata-se de um lugar diferente, que merece ser conhecido no Brasil e no exterior. É muito peculiar na arquitetura e ficamos encantados com essa terra”, relata Britz.

Expedição Txai

O filme Expedição Txai é um longa-metragem documentário dirigido por Tiago Melo, que aborda a vida de três indigenistas, uma liderança indígena e uma viagem. Está sendo rodado em Brasília, Rio Branco, Jordão, Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo e outros municípios do Acre.

Durante as gravações, foi feito percurso sobre rios da região, por meio de um batelão com capacidade para 18 toneladas, onde eram passageiros o cantor Milton Nascimento, os indígenas Sian Kaxinawá, Marcus Terena e Ailton Krenac, os indigenistas Antônio Macedo, Terry Aquino e Vera Olinda e o antropólogo Mauro Almeida.

“O Milton Nascimento estava buscando inspiração pra gravar aquele disco Txai e nós levamos ele para os Ashaninka. Fomos pelo Juruá e o Amônia. Era agosto e os rios tavam secos e ele empurrou muita canoa com a gente. Aí ele perguntava seu Macedo vai ter água ? Mas não teve. Mesmo com as dificuldades ele se encantou com tudo, com os Ashaninka e gravou o Lp Txai e a música inspirada no Benki”, conta Macêdo, lembrando que, na época, o local onde eles moravam não era ainda uma Terra Indígena demarcada pela Fundação dos Indígenas. No ano seguinte a viagem, Milton Nascimento gravou o disco Txai com a música Benke.

“Eu achei que essa história daria um filme e procurei o cineasta Thiago Melo, que é de Pernambuco, mas está morando no Acre e ele topou fazer o filme”, conta Terry Aquino.

Macedo diz que ver o filme pronto será importante para lembrar uma época do início do chamado “ movimento “. Era a união de índios, seringueiros e ribeirinhos, os povos da floresta, que resultou na demarcação de Terras Indígenas e criação da Reserva Extrativista do Alto Juruá.

“A luta teve ganho e se fez uma reforma agrária diferenciada com ibertação e cidadania. Agora os povos da floresta seguem buscando melhoria de qualidade de vida. Eles [povos originários] agora buscam novos aliados em outros lugares do mundo e constroem novas alianças. Vão onde eu nunca fui e isso dá muito orgulho. Esse filme trará toda essa história à tona”, relata o indigenista.

Curta-metragem

O documentário Noke Koi – O Povo Verdadeiro – é dirigido por Alexandre Barros e co-dirigido por Sérgio de Carvalho e trata da memória e da resistência do povo indígena Noke Koi, conhecidos como Katukina, que vivem na Terra Indígena Campinas, às margens da BR-364, em Cruzeiro do Sul.

O documentário acompanha o festival Noke Koi — momento sagrado em que o povo celebra seus rituais, tradições, língua e sua relação com a floresta.

O filme também traz recursos de acessibilidade, como legendagem descritiva, audiodescrição e tradução em Libras, ampliando seu alcance para todos os públicos.

Hotéis estão lotados

Cerca de 150 pessoas estão envolvidas agora no filme Geni e o Zepelim, incluindo os que vieram de fora como os artistas, equipes de filmagem, produção, cenário e os moradores que atuam no elenco de apoio e figuração. A expectativa é que quantitativo aumente.

O prefeito de Cruzeiro do Sul, Zequinha Lima, comemora a movimentação no município. “A movimentação é grande nos hotéis, nas locadoras de veículos e restaurantes. Esperamos que mais filmes sejam gravados aqui e estamos de portas abertas. Em breve veremos nosso município, nossos rios e nossa gente nas telonas e será um orgulho. O pessoal do filme também dá a contrapartida com rodas de conversa e outras ações que garantem conhecimento nessa área audiovisual para o pessoal de Cruzeiro do Sul e região “, enfatizou.

O cineasta Sérgio de Carvalho e o diretor de produção do filme Geni e o Zepelim, Rafael Ronconi, fizeram rodas de conversa em Cruzeiro do Sul sobre a produção cultural e audiovisual e as leis de fomento. Ainda serão realizadas palestras, encontros, visita ao set de filmagem e exibições de cinema.

“A gente acredita que uma produção audiovisual precisa deixar rastros positivos por onde passa. É uma forma de trocar com a cidade, fortalecer a cena local e abrir caminhos pra quem quer produzir cultura e cinema na Amazônia”, pontua Sérgio de Carvalho.

A secretária de Desenvolvimento Econômico e Turismo, em Cruzeiro do Sul, Janaína Terças, diz que em produções futuras as pessoas do município poderão atuar em várias áreas.

“Toda semana haverá uma ação onde pessoas de várias áreas do filme Geni e o Zepelim vão compartilharão conhecimentos valiosos sobre como transformar projetos em realidade, por meio de editais de fomento. Temos diversos editais disponíveis em Cruzeiro do Sul. Só da Lei Aldir Blanc são mais de R$ 2 milhões de reais e os interessados em produzir curtas, documentários ou longas-metragens aprenderão a acessar esses recursos e fundos destinados à produção audiovisual na nossa cidade. Poderão utilizar o conhecimento para fazer as produções audiovisuais. E também nos próximos filmes que serão feitos aqui já teremos mão de obra mais qualificada para atuar por trás e na frente das câmeras”, afirma Janaína Terças.

Por Sandra Assunção, do AC24horas / Foto de capa: AC24horas

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