Apesar de recursos destinados a municípios acreanos, ONG da Bahia será responsável por executar todos os projetos.A deputada federal Meire Serafim (União Brasil) destinou R$ 20,07 milhões em emendas parlamentares para projetos de saúde, esporte e inclusão produtiva no Acre. O que chama atenção, porém, é que a execução não ficará sob responsabilidade de órgãos locais ou entidades acreanas, mas sim da Associação de Proteção e Amparo à Saúde (APAS), uma ONG privada sem fins lucrativos com sede em Salvador, na Bahia.
De acordo com os extratos publicados no sistema Transferegov, os três convênios foram aprovados em setembro de 2025 pelos ministérios da Saúde, do Esporte e das Mulheres. Em todos eles, a APAS aparece como proponente e executora exclusiva dos recursos, apesar de não possuir sede ou representação no Acre.
Projetos contemplados
Saúde: R$ 8,93 milhões para ações de combate à malária no Vale do Juruá, incluindo instalação de base em Cruzeiro do Sul, capacitação de agentes e uso de laboratórios móveis;
Esporte: R$ 8,91 milhões para o projeto “Esporte Total”, que pretende atender 4 mil jovens em cinco municípios acreanos;
Inclusão produtiva: R$ 2,2 milhões para o projeto “Mãos que Transformam”, em Sena Madureira, com cursos de beleza para 480 mulheres em vulnerabilidade social.
Concentração dos recursos
No total, mais de R$ 20 milhões foram destinados diretamente para a ONG baiana, que ficará responsável por gerir contratos, comprar materiais e coordenar todas as etapas das iniciativas. A execução não exige contrapartida financeira da entidade e será custeada integralmente pela União.
A escolha de uma instituição de fora do Acre para administrar integralmente os recursos levanta questionamentos sobre a concentração das emendas e a ausência de entidades locais na execução dos convênios.