O aumento do preço do café no Brasil tem impactado diretamente no orçamento da população carente, que tradicionalmente consome o produto diariamente. Com o valor do quilo do pó de café subindo constantemente, muitas famílias estão sendo obrigadas a reduzir o consumo ou buscar alternativas mais acessíveis.
Em Cruzeiro do Sul, segunda maior cidade do Acre, consumidores estão apreensivos com o alto preço do produto nos supermercados. O aumento não se restringe apenas às marcas nacionais. A escalada dos preços tem sido registrada no café produzido e vendido na região, equiparando-se aos valores praticados nos produtos de grandes marcas nacionais.

“Sempre compramos o café da região porque era mais barato, mas agora o preço está quase igual ao das marcas produzidas fora do estado. Cada vez que entramos no supermercado é um susto. Está difícil para quem vive com um salário mínimo”, relata o cruzeirense Valter Ribas.
O impacto do aumento dos preços tem levado muitas famílias reduzir a quantidade de café comprada mensalmente, refletindo diretamente nos hábitos de consumo da população.
Jéssica Boldi, dona de casa, foi ao supermercado com o objetivo de comprar apenas café, mas acabou saindo sem o produto.

“Nesse valor, não tem condições. Pagar R$ 43 num pacote de café realmente não é possível. Vamos ter que improvisar. Talvez diluir um bombom de café na água fervente seja a solução”, brincou Boldi.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o aumento expressivo tem diversas causas, que vão desde fatores climáticos e custos de produção à influência do mercado internacional, agravada pela desvalorização do real frente ao dólar.
O empresário Ersinho Cameli, dono de um supermercado em Cruzeiro do Sul, cita a alta demanda nos mercados internacionais e a desvalorização da moeda brasileira como fatores que impactam diretamente no consumo em todo o país.

“Os chineses, que tinham a cultura de tomar chá, experimentaram o café e parece que gostaram muito. É um mercado de um bilhão e meio de pessoas. Sem falar que os grandes produtores preferem vender para fora [mercado internacional], com preços mais atrativos. Ainda temos o fator da desvalorização do real. Não quero fazer alarde, mas a situação tende a piorar ainda mais”, destaca Ersinho.

O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, respondendo por cerca de 40% da oferta global. Nesta terça-feira, 12, o preço do café nos mercados internacionais de commodities atingiu o maior nível já registrado, ultrapassando US$ 3,44 a libra (0,45 kg), acumulando um aumento superior a 80% no ano.
Erisney Mesquita / AgoraAcre.com
Esse texto foi produzido com auxílio de pesquisas na internet, tendo como fontes os sites: Notícias Agrícolas e BBC News.